Durante final de semana, centenas milhares de evangélicos protestaram contra o aborto na Argentina. O senado do país votará dia 8 a lei que legaliza a prática, podendo mudar a decisão da Câmara dos Deputados que a aprovou em junho.
O ato organizado diante do Obelisco da avenida 9 de Julio, um tradicional ponto de protesto no país, foi o maior dos últimos anos. Durante da marcha, que teve como lema “Salvemos as duas vidas”, os participantes usaram lenços azuis, que caracteriza o movimento pró-vida no país.
Além da marcha, pastores evangélicos organizaram vigílias e promoveram campanhas de orações para que a lei não passe. O presidente Maurício Macri disse que não pretende vetá-la, caso passe no Senado.
Os organizadores acreditam que havia 650 mil em Buenos Aires. Entre os muitos discursos, os líderes do movimento lembraram aos evangélicos que, nos períodos eleitorais, muitos candidatos visitam seus templos para obter votos. Os pastores avisaram que farão um alerta nacional para que os fiéis não votem naqueles que se mostrarem a favor da legalização do aborto.
No domingo, outras cidades argentinas também tiveram manifestações do tipo. Em Tucuman foram cerca de 150 mil e, em Córdoba, a movimentação atraiu um número similar. Não existe uma contagem oficial, mas estima-se que elas mobilizaram mais de um milhão em todo o país. Jornais argentinos dão conta que havia muitos católicos e pessoas sem religião participando também.
Em entrevista ao Gospel Prime, o pastor Luciano Bongarrá, líder do ministério “Parlamento e Fé” diz que, quando a Câmara debatia a legalização do aborto, a Igreja no início não estava atenta à gravidade da situação. Porém, passou a se manifestar fortemente após ela ser aprovada.
“Hoje, em cada província há um grande ativismo das igrejas. Os pastores estão mobilizando suas igrejas e cremos que isso vai ser revertido no Senado”, explica.
Bongarrá destaca que há uma influência estrangeira, pois houve um forte lobby pela legalização, a exemplo do que ocorreu na Irlanda, que também é um país majoritariamente católico. “Organizações multinacionais como a OEA e a ONU têm sua agenda mundial e ela chegou até nós”, denuncia.
Além disso, o pastor entende que “o populismo dos partidos de esquerda insistia fortemente na questão do ‘Estado laico’, mas nunca foi só uma questão religiosa, há fortes argumentos à luz da biologia e da legislação atual do país que protegem a vida”.
O Parlamento e Fé é um ministério paraeclesiástico que atua junto a autoridades, focado na evangelização de políticos e na conscientização que a igreja possui valores inegociáveis. O pastor Bongarrá acredita que “se tivéssemos mais políticos cristãos, a tentativa de legalização não chegaria tão longe”.
Nas últimas semanas, vários senadores foram procurados para ouvirem a posição da igreja. “Nosso ministério está lutando junto às igrejas e junto aos políticos pró-vida para que, apesar da decisão da Câmara, a lei não seja posta em prática. Desafiamos a igreja evangélica a ser protagonista nesta luta e começar um despertamento sobre a gravidade dessa agenda política anticristã”, ressalta.
Fonte: Gospel Prime