Burkina Faso é um país com problemas políticos, econômicos, tribais e religiosos, e a intervenção de grupos extremistas islâmicos tem inflamado ainda mais a violência nos vilarejos localizados na região do Sahel, no norte do país. Após 27 anos de governo autoritário do ex-presidente Blaise Compaoré, essa região ficou isolada e tornou-se ideal para a presença de jihadistas.

Existem muitos grupos terroristas atuando no Sahel Africano, desde o Grupo de Apoio ao Islã e aos Muçulmanos (GSIM), o Estado Islâmico da Província da África Ocidental e o Ansarul Islam, grupo que foi criado pelo imã (líder islâmico) Malam Dicko e recruta, principalmente, pessoas do grupo étnico fulani. Os combatentes têm fácil acesso ao país via Mali, onde a maioria das facções possui bases próprias.

Uma das ideologias que tem encontrado adesão entre a juventude burkinabe é a que ensina que as dificuldades do país resultam da presença francesa e da moral e dos valores corruptos do Ocidente. Até agora, 2.024 escolas foram forçadas a fechar e cerca de 330 mil crianças estão privadas de educação. Os professores também estão sendo ameaçados. Ou eles ensinam a ideologia de forma convincente, ou precisam deixar seus postos. “O governo tem transferido alguns estudantes e professores para áreas seguras”, conta uma educadora à Portas Abertas.

A ordem dos grupos terroristas é estabelecer um Estado com diretrizes extremistas islâmicas, onde as forças de segurança são atacadas, juntamente com as escolas e outros símbolos que representam o Estado. De acordo com um morador da região, as pessoas não podem mais andar pelas ruas livremente, as mulheres devem cobrir a cabeça, e os que têm vícios devem acatar a ordem de interrompê-los, porque correm o risco de serem mortos, caso desobedeçam.

Entre janeiro e agosto de 2019, 27 cristãos foram mortos em oito ataques. Pastores e famílias foram sequestradas e ainda estão em cativeiro, mas não se sabe o número exato de pessoas sequestradas. Vilas como Hitté e Rouga foram abandonadas e o número de deslocados chega a 2.000 pessoas. No norte de Burkina, as igrejas foram fechadas como prevenção aos ataques e os serviços à comunidade, interrompidos.

Os líderes cristãos do país concordam que a perseguição religiosa era um assunto tratado nos sermões, mas que eles não imaginavam que a dimensão e a opressão fossem tão fortes. “Nunca em nossa imaginação pensaríamos que isso poderia acontecer e que hoje seríamos dependentes da ajuda de outros cristãos em lugares seguros”, conclui o pastor Daniel Sawadogo, da comuna de Dablo.


Fonte: Portas Abertas

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